terça-feira, 17 de maio de 2011

Vagalume...


O Projeto Operação Vagalume tem como objetivo propiciar aos estudantes da Faculdade Evangélica a experiência de levar alegria aos pacientes e funcionários do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (HUEC) por meio da “Terapia do Riso”. Ou seja, colaborar na humanização hospitalar e na prática da solidariedade dos alunos, além de oportunizar a vivência de trabalho em equipe.

A primeira vez sempre é rodeada por inúmeras expectativas, independentemente do ato a ser iniciado. Quando aceitei o convite para escrever neste espaço fiquei realmente estarrecida com a primeira questão: como irei descrever o Vagalume? Pensei em várias coisas e chegado o prazo de entrega do primeiro texto, me deparo com a frustração de não ter escrito nada pelo simples fato de não saber como escrever.

O principal inconveniente da primeira vez é justamente o excesso de expectativas que criamos apenas pelo prazer de nos atormentarmos. Os medos do fracasso, da frustração pessoal, da opinião alheia, da pressão do próprio ego acabam por inibir um processo que seria natural; tanto para um escritor, quanto para um palhaço. Poderia escrever sobre o que vemos, afinal, ninguém mais indicado para falar sobre o que vemos do que nós mesmos, mas pensei: Por que eu escreveria sobre o que vemos? Por final pensei em como nos sentimos.  Depois pensei em uma palavra: Magia. E a magia nos remete a muitas outras lembranças. O meu primeiro dia no Vagalume. O primeiro quarto, o primeiro paciente, a primeira música, a primeira massagem, o primeiro “muito obrigado pelo trabalho de vocês”, o primeiro “quando é que vocês voltam?”, e a magia do primeiro sorriso que eu recebi.

Porém, o primeiro dia foi assim: tímido. Durante toda a semana seguinte meus sentimentos foram enérgicos e exagerados, e guardados eles cresceram como uma massa fermentada em descanso. O domingo chegou, e tudo aquilo cresceu dentro de mim, dilatando meu corpo para que tamanha afeição por aquilo não mais coubesse entre minhas entranhas, pois alegrar-se não é uma das tarefas mais fáceis de cumprir. Algumas vezes dói. E muito. Por vezes cometo o pecado da tristeza por não ganhar um risinho. Mas quando cumprimos a nossa tarefa é maravilhoso, mágico!

Lembro do dia em que um paciente da pediatria de queimados, o Gustavo, depois de quase um mês estava recebendo alta. Falei pra ele que estava muito feliz e despedi-me dando um “tchauzinho” de longe, quando ele me chamou pra pedir um abraço e dizer que ia sentir muita falta dos nossos domingos, foi lindo! Nunca vou esquecer. A força daquele abraço me faz querer voltar todo domingo e continuar estudando para seguir em frente. Outro fato que nos faz voltar é a alegria propiciada, também, aos funcionários do hospital, que já abrem um sorriso ao nos verem entrando com aquelas roupas coloridas.

Sempre me faltam palavras quando se trata do Vagalume. Queria ser a mulher maravilha, ajudar pessoas sem me descabelar, dar conforto e segurança só de chegar perto. Mas, bem, eu não sou a Mulher Maravilha, certo? Ainda tenho muito a aprender – a gerenciar meu tempo, a administrar minhas emoções, a ser uma profissional competente e uma familiar dedicada, para dar orgulho à minha mãe e ao meu pai. De Mulher Maravilha eu sei que ainda tenho pouco, mas de protótipo de médica humanizada já tenho muito, graças ao Vaga-Lume. E aqui estou eu, mais uma vez cheia de idéias e lembranças na cabeça, sem conseguir organizar os pensamentos e colocá-los em forma de texto. Mas e daí? Nunca vou conseguir explicar o que o Vaga-Lume significa pra mim, e na verdade isso não importa. Tenho certeza de que algumas pessoas – ou muitas – entendem. Mesmo sem explicações, mesmo sem o conhecer. Nada precisa ser dito ou escrito. Sempre vai ter alguém que sabe exatamente o que eu sinto, simplesmente porque sente o mesmo. E pra quem não sabe, sente ou entende deixo o convite. O Vaga-Lume é um processo médico e um jeito de ser médico que não dói, faz bem e está em falta!

Meu texto publicado no jornal da faculdade :)

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